Ex-seminarista Gil Rugai é acusado de matar o pai e a madrasta.

19/02/2013 19:26

Ex-seminarista Gil Rugai é acusado de matar o pai e a madrasta Foto: Alice Vergueiro / Agência Brasil

 

O julgamento do publicitário e ex-seminarista Gil Rugai, 29 anos, teve de ser interrompido por cerca de 20 minutos após um jurado passar mal na tarde desta terça-feira, em São Paulo. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP), o homem sentiu um "leve desconforto" por volta das 17h45 e foi atendido pela equipe médica do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Liberado em seguida, o jurado retornou a seu posto e o julgamento foi retomado às 18h10.

 

O TJ-SP não informou qual dos membros do júri - formado por cinco homens e duas mulheres - que passou mal. O incidente ocorreu cerca de cinco horas depois do início do segundo depoimento do dia, o do delegado Rodolfo Chiareli, que comandou a investigação que indiciou Rugai.

 

A expectativa inicial era de que o julgamento fosse encerrado na próxima quarta-feira, mas, segundo advogados que acompanham os trabalhos no Fórum da Barra Funda, as sessões podem se estender até a sexta-feira, tendo em vista a longa duração dos depoimentos colhidos até aqui. Após Chiareli, ainda precisam ser ouvidas mais 10 testemunhas, além do próprio réu, que ainda não foi interrogado. Após o interrogatório a Gil Rugai, terá início a fase de debates, em que defesa e acusação farão suas argumentações finais.

 

Delegado relata ameaças
Antes da interrupção, o delegado da Polícia Civil Rodolfo Chiareli - disse que algumas testemunhas, cujos relatos incriminavam o Gil Rugai, foram ameaçadas durante a apuração das mortes do pai e da madrasta do ex-seminarista, Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitiño, ocorridas em 28 de março de 2004. No depoimento, o delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) afirmou ainda não ter dúvidas de que Gil Rugai é o assassino e lembrou que a arma do crime foi encontrada no escritório do réu quase um ano após o crime. 

 

"Não tenho nenhuma dúvida (de que o Gil Rugai é o autor dos disparos). (...) Ouvimos inúmeras pessoas e todos os elementos levaram ao Gil Rugai", afirmou o delegado, em depoimento que começou por volta das 13h15 e deve ser um dos mais importantes do julgamento.

 

O delegado também negou, em vários momentos, que a DHPP tenha ameaçado as testemunhas para que elas apontassem Gil Rugai como autor dos assassinatos, mas esclareceu que não houve indícios que apontassem outras linhas de investigação, mesmo após a Polícia Civil ter ouvido cerca de 100 pessoas.

 

Chiareli também relatou que algumas das principais testemunhas do caso foram ameaçadas durante a investigação, o que prejudicou a apuração do caso. Entre as testemunhas que teriam sido ameaçadas de morte após dar depoimentos que incriminavam Gil Rugai, estavam o vigia Domingos Ramos Oliveira de Andrade, que disse ter visto o acusado deixando a casa após o crime; um outro vigia; e um amigo de Gil Rugai, que afirmou ter suspeitado desde o início dele. "A nossa vida (a dele e de outros investigadores) virou um inferno. (...) (As ameaças) Prejudicaram muito o nosso trabalho", afirmou. 

 

Além do delegado, a Justiça ouviu hoje um instrutor de voo que dava aulas para Luiz Carlos e relatou que a vítima havia lhe contado que tinha brigado com o filho, a quem se referiu como "um menino perigoso".